Um adolescente de 17 anos foi apreendido, nesta quinta-feira, por atear fogo em um homem em situação de rua. O ataque foi no Pechincha, na Zona Oeste do Rio, e transmitido ao vivo em plataformas digitais, na última terça. A vítima, Ludierley Satyro José, de 46 anos, se encontra internada no Hospital municipal Lourenço Jorge em estado considerado estável pelos médicos.
Segundo a Polícia Civil, o adolescente era integrante de um grupo voltado à prática e incitação a crimes de ódio na internet. A quadrilha já vinha sendo monitorada pela Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav).
“O que a gente tem até agora é que ele é movido por essa questão de ódio. Inclusive em uma das plataformas que ele utiliza o codinome é ‘eu odeio favela’. Ele participaria de outras comunidades com cunho neonazista. Poucas vezes eu vi um delito com tamanha frieza e crueldade porque a vítima, morador de rua, estava dormindo. Sem motivo algum, dois indivíduos, apenas para mostrar que são capazes de fazer essa barbaridade, o fazem”, disse o delegado Cristiano Maia, titular da Dcav, à TV Globo.
A Polícia Civil que, durante a investigação sobre o ataque, uma parente do adolescente procurou a 41ª DP (Tanque) e se dispôs a ajudar a localizar o menor. O autor foi localizado na casa da avó, em Jacarepaguá, também na Zona Oeste da capital.
Contra o jovem foi cumprido um mandado de busca e apreensão por fatos análogos aos crimes de tentativa de homicídio triplamente qualificado e associação criminosa, além da prática de apologia ao nazismo. Com o adolescente, os policiais apreenderam um telefone celular com conteúdo de pornografia infantil e apologia ao nazismo. Por esse fato, ele ainda foi autuado em flagrante por ato infracional análogo ao crime de armazenamento de conteúdo pornográfico infantil.
A polícia agora tenta identificar quem assistiu à transmissão e a pessoa responsável por gravar as imagens.
Desafio na internet
A principal suspeita da Dcav é de que o ataque contra Ludierley tenha sido resultado de um desafio na internet.
“Ele seria movido por um desafio de se vangloriar perante os outros participantes (da rede social) e que ele teria recebido um valor em torno de R$ 2 mil por um indivíduo ainda não identificado”, disse Cristiano Maia à TV Globo.
Segundo ele, a Dcav já identificou que o jovem participa de comunidades ligadas a crimes de ódio:
“Inclusive, esse fato delituoso, essa tentativa de homicídio contra esse morador de rua, foi transmitida ao vivo no Discord, contando com a participação de 141 pessoas”.
Fonte: O Globo